Os eleitos da Assembleia Municipal de Vila Velha de Ródão manifestaram a sua apreensão com a proliferação de culturas agrícolas intensivas no concelho e com o impacto negativo destas para a saúde humana e a nível ambiental, social e económico, tendo dado conhecimento desta situação à tutela, nomeadamente, à Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.
A autarquia faz saber que a decisão foi tomada em conjunto, na reunião ordinária de 25 de abril daquele órgão municipal. Confrontados com a instalação de novas áreas com culturas permanentes intensivas no concelho, “sem respeito pelo meio ambiente”, os eleitos mostraram grandes reservas face a estas práticas agrícolas intensivas na medida em que se traduzem “na degradação da fertilidade do solo, na escassez hídrica, na redução da biodiversidade, no aumento da emissão de gases com efeito de estufa, na contaminação das águas superficiais e dos aquíferos, entre outros graves problemas”.
Segundo os eleitos, estes projetos agrícolas contrariam o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Beira Baixa e as medidas definidas no documento “Caracterização dos riscos de desertificação e erosão dos solos no concelho de Vila Velha de Ródão”, que identificam as práticas agrícolas sustentáveis (por exemplo, a agricultura biológica, a produção integrada, o pastoreio extensivo, etc.) como uma prioridade na adaptação às alterações climáticas.
No documento enviado à tutela, os eleitos da Assembleia Municipal de Vila Velha de Ródão alertam ainda para aplicação excessiva de produtos fitofarmacêuticos, pesticidas e fertilizantes químicos de síntese que se verifica muitas vezes nestas culturas e para o risco que representam para a manutenção do modo de produção biológica nas proximidades e para a necessidade de proteção das pessoas, animais e culturas.
Os eleitos esclarecem que “somos um concelho que pugna pela promoção de uma agricultura moderna, competitiva e orientada para os mercados, que contribua para o crescimento económico, o emprego, capaz de assegurar uma alimentação segura e saudável, com uma utilização sustentável dos recursos naturais (solo, água, biodiversidade), que responda aos efeitos das alterações climáticas e que contribua para a coesão social e territorial”. Defendem ainda que a gestão dos recursos naturais a nível local “deve ser feita de forma inteligente, integrada e com uma mudança de comportamentos que potenciem a adaptação às alterações climáticas e a transição para uma economia circular no nosso concelho”.