Uma parcela de terreno de pinhal, na freguesia da Isna, concelho de Oleiros, está a ser laboratório de testes para a viabilidade de extração da resina, uma atividade que teve grande dinâmica até ao início da década de 80 neste concelho.
Este projeto, conta a autarquia, está a ser desenvolvido por um consórcio constituído por 37 entidades, liderado pelo Forestwise – Laboratório Colaborativo para Gestão Integrada da Floresta e do Fogo. A entidade responsável pelo desenvolvimento dos ensaios é a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em conjunto com a empresa Raízes In.
Maria Emília Silva, investigadora do departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagística da universidade, afirma que “Oleiros não podia ficar de fora deste projeto, pela experiência que aqui ainda encontramos de pessoas que trabalharam na extração da resina, pela excelência do pinhal bravo que aqui existe”.
Já foram resinados (processo de incisão, ou seja, corte no tronco) os primeiros 60 pinheiros de um total de 200 que integram este projeto que se estende até 2025. Para que isto seja possível, nesta área de pinhal da Isna em estudo foram retirados os resíduos de combustível.
Por sua vez, Marco Ribeiro, presidente da Associação Nacional de Resineiros e responsável pela Raízes In, recorda que Portugal chegou a ser líder mundial na produção de resina até aos anos 80 do século passado e que, atualmente, há uma “tendência positiva por causa das questões ambientais, pela procura de matérias naturais, entre outros aspetos”. Segundo este responsável, o rendimento pode atingir os 300 a 400 euros por hectare/ano e não interfere na qualidade da madeira no momento da venda.
Miguel Marques, vice-presidente da Câmara de Oleiros, destaca a importância do projeto e o que ele poderá significar para os proprietários, mas também para a boa gestão da floresta. O autarca vê com bons olhos o desenvolvimento deste projeto em Oleiros “terra onde ainda existem antigos resineiros, homens e mulheres, que podem transmitir às novas gerações a mestria de resinar o pinheiro”. A falta de mão-de-obra é aliás um problema detetado pela Associação Nacional de Resineiros que pretende, depois do verão, formar cerca de 120 resineiros.