A Casa de Artes e Cultura do Tejo, em Vila Velha de Ródão, encheu para receber o jornalista Adelino Gomes e José Nuno Martins, que recordaram o dia da Revolução dos Cravos, há 50 anos, que devolveu a liberdade a Portugal e as circunstâncias que fizeram com que Adelino Gomes se visse no centro da cobertura radiofónica dos eventos que tiveram lugar no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo.
Intitulada “Numa noite tudo mudou…” e inserida no programa das Comemorações dos 50 anos do 25 de abril promovida pelo Município de Vila Velha de Ródão, a iniciativa teve como público-alvo os alunos do Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão, mas foi aberta a toda a população.
Então com 29 anos e jornalista da Seara Nova, impedido de trabalhar na Rádio Renascença, Adelino Gomes recordou como foi acordado em casa, às 7 da manhã do dia 25 de abril, por um irmão que o foi avisar que Lisboa estava cercada, o que o fez decidir sair de casa para perceber o que se passava, conta a autarquia.
A incerteza da natureza do movimento militar que presenciava só seria confirmada quando, já no Terreiro do Paço, se encontra com Salgueiro Maia, seu antigo colega de liceu, que lhe confirma que o que os militares pretendiam era “que ninguém mais tenha de sair do país por causa daquilo que diz, pensa ou faz”. Para o repórter, esse seria o momento que marcou o que as horas seguintes confirmariam, isto é, que se estava perante o nascimento da liberdade de expressão, de informação e de manifestação, proibidas durante 48 anos de ditadura.
A conversa conduzida por José Nuno Martins, amigo há 61 anos do jornalista, contou com a apresentação dum vídeo com as imagens captadas pelo fotógrafo Alfredo Cunha nesse dia e reunidas no livro “25 de Abril de 1974, Quinta-feira”. Com música de Rodrigo Leão, as imagens do vídeo ajudaram a complementar o relato vivo e vibrante do repórter da revolução, que nesse dia de abril dependeu da boa vontade de dois repórteres da Rádio Renascença, Paulo Coelho e Pedro Laranjeira, que aceitaram partilhar o microfone com ele e lhe permitiram concretizar aquela que seria a reportagem de uma vida.
Em resposta às questões lançadas pelo público, em jeito de conclusão, Adelino Gomes lembrou que “a democracia nunca está garantida, tem de ser defendida todos os dias por todos os cidadãos e não apenas pelos líderes políticos”.
Emocionado pelo “privilégio de poder estar com os meus amigos a falar de uma coisa que nos toca a todos e que é a liberdade”, no seu concelho natal, José Nuno Martins, autor, produtor e realizador natural do Fratel, agradeceu a presença de Adelino Gomes, “uma das maiores referências da comunicação e do jornalismo português, investigador.